AS PEDRAS Não se queixam as pedras por ele pisadasque fazem caminho de suas jornadasEle olha as pedrasjá desgastadas por outros pés calcadasE passos vão e passos veme pedras sempre pisadascalcadasparadas no chão!O poeta sobre elas passa lucubra em sua poesiae as pedras, ali, sempre alinoite e diaVem a noite e na noite ficamVem o dia e não se levantam Levanta-se o poeta que poemas sobre pedras cantaPorém, um dia, (há sempre um dia)aconteceu: o poeta caiue com sua cabeça nas pedras bateu!O poeta passou a reparar nas pedrasque todos os dias pisacom cuidado em não lucubrarAprendeu que, depois de caídocusta muito a levantare não quer que seus versos de pés quebradosfiquem com a espinha partidaAs pedras continuam no chãoesperando, semprepor nova caídaMas, agora, o poeta anda, sempre, com cuidadossobre caminhos empedradosfazendo seus versos de pés quebrados....xxx...Figas de Saint Pierre de Lá-Buarque

Silvino Taveira Machado Figueiredo
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