Um pássaro na tempestade

Havia uma tempestade vindo no horizonte e a floresta estava em polvorosa. Trovões barulhavam a distância, o vento forte balançava as árvores, os animais corriam e zurravam, procurando por um abrigo. Do alto de uma árvore, escondido em seu ninho, um solitário passarinho se escondia assustado. No caos daquela floresta, ele sentia que não se encaixava.

A chuva caiu tão forte quanto se esperava. Fortes pingos caiam como foguetes do céu, trovoadas, raios iluminando toda a extensão da floresta. O passarinho, ainda assustado, sentia que naquela tempestade, ele tampouco se encaixava. Ele sabia que havia algo que ele ainda precisava, ele sentia em cada célula de seu pequeno corpo, em cada pena arrepiada. 

A chuva durou o que parecia horas, forte, impiedosa. E então, passou. Quando a última gota de água tocou o solo, o silêncio reinou. Não havia mais trovões, nem barulho de vento, nem o som dos animais, que ainda atemorizados, se escondiam nas sombras. A solidão cresceu dentro do pássaro. No silêncio daquela floresta, ele também não se encaixava. 

E então, ele soube. Sentiu crescer dentro de si um som. Seu pequeno coração se acelerou, a esperança tomou conta de tudo que era seu. Rapidamente, o passarinho saiu do seu ninho. No silêncio da floresta, ouviu-se então o mais belo canto. E enquanto ele cantava, um vento suave começou a passar pela floresta, acalmando, alegrando, trazendo tudo o que todos precisavam. O passarinho se sentiu abraçado, não estava mais solitário, tampouco assustado. Ele havia finalmente achado tudo o que tanto procurara. Na calmaria daquela floresta, ele finalmente se encaixara. 

 

Laura Cristina
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