É prosa ou é verso? É só emoção
Não falo do passado porque a água levou. Sou a que está aqui e agora, resultado de experiências boas e ruins. Que aprendeu a lidar com as expectativas e que não tem mais pressa, mas que anseia pelo que pode vir.
Como não posso ter quereres, atrevo-me a desejar... mas até isso às vezes penso ser muita ousadia pois não conheço o terreno que piso. Sinto-me na beira de um rio que preciso atravessar se quiser alcançar o que busco, mas vejo as águas turbulentas, negras e ameaçadoras me dizendo: “cuidado... o outro lado é longe demais pra você e não te deixarei chegar lá.”
Mas enfrentado meus medos e até minha resistência em fazer, preciso lutar contra a estagnação que insisto em manter... e que às vezes me pergunto “por que?”. Seria o receio de tentar e falhar? Seria por não confiar? Ou possivelmente medo de perder o controle sobre mim? Enfim, questões que mesmo que um dia tenham respostas, não teria a solução, exceto se me libertar para viver plenamente outra vez.
Não é fácil passar por minhas barreiras e me fazer descer do pedestal da racionalidade menos ainda, mas faço como um ato de entrega em que não abro mão de mim, mas me abro a ti.

Mas agora, apenas desejo pular na água e tentar atravessar o rio... e dar um passo para um “talvez”.

Abrir mão da certeza pode ser a única forma de ser feliz.

BELO HORIZONTE

Sofia Couto
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