De noite os cães ladram e a noite ladra, 
E há as ladras nos corações do silêncio
O ramo que se mexe como sombras e os lobos que vigiam todos 
O insuspeitado repousar da vida se inquieta
E as respirações ficam suspensas quando a trupe dos mortos geme 
Não dou ouvido às palavras mortas, mas me distendo sob a lua 
E sopro as feridas metafísicas, e abro as páginas marcadas de dentro dos íntimos papeis guardados para suturar as lesões mais vivas
A meu favor, o que planto sem esperar recompensas dos jardins 
Mas busco algum secreto recado dos teus olhos, entre as flores
Só me confundem as estrelas derrotadas, e as rosas mortas que por vezes traduzem os delírios de ódios enterrados no solo, 
Tenho saudade do verde de onde cresci 
Do gramado tapete de voar ao infinito
Das noites em que eu não me preocupava com nada 
Dos esconderijos acima do burburinho
Quando a vida corrente carregava contos nossos escondidos entre a folhagem
Desempenhando as fainas das nossas incertezas de crescer 
E quem colherá o suspenso fruto da luz ao avesso 
Nos provisórios tempos de embusteiras realidades, donde os sonhos 
imitam a luz,

Charles Burck

Charles Burck
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