SE TALVEZ

Se não tivesse nascido, talvez ficasse escondido
Se um dia desistir, talvez não deseje mais existir
Se pudesse ter amor, talvez não guardasse rancor
Se for capaz de persistir, talvez não queira desistir
Se sorrisse na dor, talvez viver não gerasse temor
Se tivesse nascido macho, talvez fosse ao riacho
Se tivesse vindo fêmea, talvez devesse ser gêmea
Se tivesse sido homo, talvez se quisesse autônomo
Se consegue falar diacho, talvez não seja capacho
Se não dissesse blasfêmia, talvez então data venia
Se construir o que resiste, talvez repare que existe
Se não puder concluir, talvez não se deixe deprimir
Se chorasse quando triste, talvez saísse em riste
Se alguma vez cair, talvez depois, consiga evoluir
Se em vida fosse pobre, talvez imaginasse nobre
Se na vida fosse rico, talvez proclamasse: eu fico
Se buscasse ser feliz, talvez eliminasse a cicatriz
Se não é para o seu bico, talvez então pague mico
Se não é aprendiz, talvez possa escapar por um triz
Se estiver morta, apague a luz... depois feche a porta

Marco Antônio Abreu Florentino

Um poema para todos, inclusive ninguém.

https://youtu.be/WBcVebmt1Mk
(IF - Bread)

Marco Antônio Abreu Florentino
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