Às Margens do Estige

Aos Desiludidos.

 

E de repente, eis-me perdido e desperto...

Mas não sei onde e nem por quê...

Lembro-me da fonte de sangue em meu peito, e crê:

Não houve dor, embora o medo fosse descoberto...

 

Irrompe, flor do fim, da vagina louca da agonia!

Lodosa, tens um teor viscoso e tamanha feiúra.

Águas pantanosas me circundam, levando-me à loucura;

O tédio da vida dando espaço ao horror... Quem diria?

 

O que leva o homem a este insalubre rio estéril?

O líquido queima a pele como um banho de gengibre...

Trevas grossas balançando a corda; visando que me desequilibre

E caia no abismo mudo da morte, sombrio cemitério!

 

Quem desvenda o oblívio? Qual a razão deste enigma?

Parece-me que somos tentados pelo mal à luxúria...

Ao prazer do caos, à devassidão, o gozo e a fúria,

E acabamos às margens do estige marcados por seu estigma...

 

Não se explica a razão do nosso certeiro carrasco.

Conforma-te na hipótese de conheceres estas margens...

O Estige reclama-te, bem como um pântano de miragens

A mostrar-te que és nada e como tal, apenas mereces asco!