CONSCIÊNCIA CÓSMICA

 

 

Não sei se é irreverência…

Vou mostrar através das palavras.

Vejo a chuva. Sinto frio e calor.

De repente estou dentro dos chuviscos

Comandando seus pingos.

O calor… ham? Calor? Já era!

 

Com a chuva, o solo seco umedece.

Penetro no solo, Sou adubo.

As plantas crescem viçosas!

E eu? Ora! Estou sujo de areia!

 

Com a sujeira, sou obrigado a banhar-me.

Retiro das folhas dos vegetais um sumo e…

Pronto! Tenho cheiroso sabonete e me farto…

Todos me perguntam como consegui

O aroma especial que pulveriza meu corpo.

Simples! A natureza doou-me…

 

E assim vou caminhando.

Logo adiante o vento.

Seu sopro é forte.

Para não cair, mergulho dentro

E sou levado a distâncias incomensuráveis…

Vagueio no espaço, sem asas…

Súbito percebo que ele me obedece,

Então vou aonde quero. Sou avião!

 

Noto em derredor de mim

Que a luz do dia se esvai…

Mas ainda é cedo… O sol!

Ah! A estrela me convida,

Contudo receio morrer carbonizado…

Insiste. Uma voz dentro de mim diz:

Venha conhecer meu magnetismo!

Tomei coragem. Fui.

Puxa! Entrei e não me senti em nada queimar.

Claro! Estava protegido pela natureza.

Passeio indescritível.

Vi todas as cores e ainda outras

Que na linguagem humana não há expressões…

Pobre que é a criatura. Estou enriquecendo!

 

Logo sou jogado aos montes da Terra.

É noite.

Observo a lua e esta igualmente me convida.

Penetro do solo lunar

Sem veículos espaciais.

Sou astronauta enxerido.

Em tudo percebo beleza,

A imensidão.

Uma pergunta me assalta o peito:

Onde está a bandeira aqui

Deixada pelos americanos

Há algumas décadas?

Silêncio. Silêncio. Silêncio.

Não ousei mais inquirir,

Talvez não seja de minha conta…

 

Deixo a lua.

Caminho pelas estrelas.

Conheço as constelações,

Uma a uma.

Estou encantado perante

A abóbada celeste.

Palavras não a descrevem,

Só mesmo quem a vê

Com tanta intimidade.

Uau! Estou tão íntimo assim?

 

Mais adiante sou lançado

Sobre os oceanos…

Perdi o fôlego.

Achei que fosse morrer afogado!

Que nada!

As águas me receberam

Com grande alegria

E um imenso bote

Feito de peixes

Levou-me mar a dentro…

Tanto em sentido horizontal,

Como em vertical.

Pude tudo contemplar

E fiquei extasiado.

Cardumes e mais cardumes

Eram minha segurança.

Tubarões e baleias que

Passavam me cumprimentavam.

Que é isto? Indaguei.

Sou alguma autoridade?

Não. Responderam as águas.

Você é humano.

Como tal precisa saber

De como de tudo utilizar-se

Sem haver desperdícios.

Sem poluições.

No dia em que todos

Os homens compreenderem

A natureza, certamente o mundo

Será outro. Enquanto isso

Quem sofre somos nós,

Pois somos obrigados a aceitar

Ambições desenfreadas,

Destruidoras…

Contudo, para tudo há limites

E o mundo tem presenciado

Os avisos que enviamos, sempre.

 

Magnífico!

Estou tonto diante de tanta beleza.

É chegado o instante do regresso.

Vejo-me agora a caminhar

Sobre a areia branca de um

litoral exótico e virgem.

Meio tonto, adormeço

E desperto dentro do meu lar,

Dando graças por estar vivo,

Muito vivo.

 

Vivo e consciente.

Saio às ruas.

As pessoas me chamam.

Algo diferente se passa.

Diferente e estranho,

Ao mesmo tempo.

Meu pensamento ultrapassa

Barreiras antes intransponíveis.

Descubro que posso

Viajar pelos sonhos de outrem.

Invadir seus mais secretos devaneios.

Confabular com suas ideias

E seus pensamentos se subordinam

Aos meus…

Em suas inconsciências deixo recados:

É fundamental valorizar-se

O ambiente natural,

Afinal somos parte deste espaço

E o sonho de viver de eternamente

Não depende tão somente de

Preceitos religiosos…

Depende de uma consciência coletiva,

Porque só assim a luz que está ofuscada

Terá como penetrar na escuridão

E o que se imagina trevas nada mais é

Que uma consciência adormecida!

É a inteligência que precisa acordar!

 

 

De Ivan de Oliveira Melo

 

 

 

Ivan de Oliveira Melo
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