(Lucilla Guedes)
Sempre os ruídos, os barulhos estridentes, os gritos,
Falação de gente desmiolada, estampidos e rouquidão,
Nem de madrugada dá trégua a estaca do som,
Depois de escalar-me o corpo até ferir-me os ouvidos.
Vêm do rádio, da janela e do aparelho televisor
Os vazios sonoros em cadência de frestas,
– Roncos embalados como presentes de amor –
A engrossar a fileira de coisas bestas.
Amor? Como pode o amor sobreviver a isso?
Como ele não enlouquece, soterrado pelo alarido
Das tolices humanas, cujas ranhuras ringem de longe
E nunca se calam e a si mesmas não ouvem?
Lucilla Guedes
© Todos os direitos reservados
© Todos os direitos reservados