Me perdi entre todo esse concreto,
Me perdi entre esse desafeto,
Sobre essa soberba feita de aço reforçado,
Exposta em nossos telhados,
As pessoas chegaram com as falsas crenças e desavenças,
Ligadas por oferecidas recompensas,
Onde está todo o verde das árvores?
Me esqueci está enterrado na sarjeta de uma calçada qualquer,
Em que pisam um homem e uma mulher,
Sem perceber o mal que estão a fazer,
Esmagando os últimos resquícios do puro prazer,
Enquanto alguns se fartam de poder,
Outros tomam banho as margens do rio Tietê,
Nós discutimos sobre os presentes que ganharemos no natal,
Mas não percebemos o verdadeiro desejo de uma pessoa simples,
Esse desejo é apenas uma cesta cheia de elementos básicos,
Sendo uma farinha ou um feijão,
Algo que posso aquecer seu coração,
E possa irrigar sua alma quebrada,
Que possa dar força ao filho vendendo drops na esquina,
E ao pai que coleta papelão,
E tem em sua fiel companhia seu cão,
Afinal é a forma mais pura de amizade,
Na riqueza ou na pobreza,
Em uma mesa farta com perus e leitões,
Ou em uma bancada de um bar saboreando um prato feito irrigado com limão,
Seja na água potável,
Ou na crista oriunda de um córrego sujo,
E por fim seja em uma cama confortável e aquecida,
Ou em uma caixa de papelão esquecida.
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