Vacina contra o desespero

 Vacina contra o desespero

Faço versos durante à noite
pra manter viva a tradição
Assim posso entregar poemas
à vizinha solidão

Na dúvida faço um rabisco...
A vida é cheia de rasuras mesmo
mas este traço é meu
e nele trago a cura...

a cura do embriagado
a cura do advogado
a cura da enfermeira
a cura do pai e da mãe
a cura do nada.

Desperto o espírito na madrugada...
trazendo a incerteza do amanhã
a efêmera verdade do agora
e nunca a certeza do depois...

por isso meu rabisco é cheio de cicatrizes invisíveis
se não o fosse seria um rabisco de nadas
E na folha em branco ele se regenera
tentando colorir os poemas presos que censuram as asas

Leando Azevedo
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