Nos vaivéns do mundo, mesmo no íntimo há um entra e sai,

Como se minha mente fosse um prostíbulo e tudo se complique.

Bebo da ignorância, violentado em corpo ou pelo cáustico alambique

E quase me recordo do quanto odiei mesmo o meu próprio pai.

 

Não me recordo de ter me vendido por tão pouco, mas hoje a angústia cai.

Leio "Admirável Mundo Novo" e quero que na literatura eu fique

Ao invés de me perder como me perco trespassado por um pique

E ser jogado às traças como um homem que decai.

 

Revejo as circunstâncias e indago intimamente quem nos manipula.

Pois vejo que não fui o único comprado (sem saber) e devorado com a gula

De um porco ávido a se chafurdar em sua lavagem.

 

Este prostíbulo decadente onde entrei órfão e saí único,

É a alienação imposta em nós em um idioma secreto, rúnico

E é para muitos a primeira e última limitada viagem.