Testemunha

Não tenhamos expectativas mais,
fiquemos apenas com a ocupação necessária
sem equívocos nem exercícios, só funções
e sejamos espectadores que gozam o momento
sem perder da criação a natureza deste mundo,
o espaço público onde permanece nossos recursos.

Dá-me de tua mão o passeio às ruas,
dou-te de meus olhos as paisagens,
troquemos as medidas de nossos corpos
e que a concepção de nossas experiências
sejam desde o início até um nosso encontro
vocação espontânea, pontos de vista ao acaso.

Assim sejamos pássaros beijando do céu
o desmanche da nuvem e o que ficar
dela para um outro momento passar
por outras gentes, outros contornos da vida,
um sopro que aspira ser terno
e uma eternidade que não aguenta um sopro.

Que a vida é curta para sermos sozinhos,
que a vida é frágil para corrermos perigos demais,
que a vida é conteúdo para todo esquecimento
dos santos que abrigam nossa matéria dialética,
dos anjos que habitam nossa arte de unir humanos
pares em mesmo templo, sem fiar o amanhã.