Vi voar meu anjo iluminado,
Procurando um ponto de observação.
Vi voltar um demônio alado,
Ofuscando a minha visão.

Olho meu reflexo no espelho.
Vejo um olho em meu pescoço.
Olho dilatado e vermelho,
Do passado, apenas um esboço.

Um olho grande de pavor.
Um olho cego.
Um olho desesperador.
O olho do ego. 

Ao me deparar com o sábio leão,
Preciso tomar minha decisão.
Matar o ego e seguir sua orientação,
Ou manter em mim, vestígios de ilusão.

O corte é impiedoso.
É doloroso.
E o anjo que outrora foi manchado,
Agora está integrado.

Meio luz, meio sombra.
Perfeita harmonia.
Uma asa negra como a noite,
E outra clara como o dia.

Nisso me transformei.
Em um anjo no purgatório.
Integrando tudo o que sei,
E o que acho notório.

Escureço o dia,
E clareio a noite.
Aqueço o gelo,
E esfrio o fogo.