Nas complicações viventes, onde me vejo em um labirinto,

Fulmina-me como um relâmpago a nua e crua realidade de "ouro":

Quando foi que, na estrada do mundo, saquearam o meu tesouro?

Quando foi que, alienado, me embriaguei com o puro absinto?

 

Quando revi que minha existência inteira estava errada, e assim sinto;

Quando foi que começou? Sempre fora assim? Até meu matadouro?

Corro ao abate como o velho e, então, imprestável touro

O qual foi de grande valia no passado, mas tal fato não é mais sucinto.

 

Eu me enchi de cólera desmotivadamente e me calei quando devia gritar.

Eu vi a mim mesmo sendo levado por um demônio e não pedi ajuda.

Eu sabia que se dormisse onde dormi só restariam pesadelos...

 

Minha visão revela que não sou alguém digno de, em suma, se amar.

Há sempre em mim uma teimosia, resistência inútil e muda

De tentar o oposto ao que sou, quando a ruína já me agarrou pelos cabelos...