DA MÃE DE SANTO AOS PSIQUIATRAS

Quando eu tinha uns 15 anos tomei um porre por dor de cotovelo, pois a mina que me alugava durante a semana nos finais de semana ficava com o noivo, e eu lá no alto da rua, com uma amiga e um amigo me tirando sarro e rindo da minha cara. .E ele, depois de ter passado um pouco o meu porre, disse que estava indo com a mãe num centro de sarava e eu pedi para ir junto a próxima vez. Foi a minha primeira busca de solução para um problema que eu sabia que os outros não tinham.Lá chegando perguntei para uma mãe de santo das mais antigas: “O que é que eu tenho” e ela me respondeu: “Que você tem o que meu filho!” e eu saquei que estava no lugar errado e este mal sem explicação só foi piorando.Mas foi quando cai no exercito que eu pedia para morrer, pois ali o meu pânico social ficou mais evidenciado, pois eu tinha que conviver com todo mundo 24 Horas por dia, além da tantos chefes, e precisei pela vez de um psiquiatra.A psiquiatria pouco podia fazer naquela época, mas ele me receitou uns remédios que, com a receita, a minha mãe conseguiu me tirar de lá.Mas o meu problema se manteve lá fora e tive que ir para outro, no caso um psicólogo que dava aula em uma faculdade e escrevia em jornais. Ele não cobrava caro, era mais um pesquisador. Ele era esforçado, embora sempre mudo, mas quando eu disse que ia parar até me isentou do pagamento para não me perder, mas já tinha dado para mim.Neste período eu conheci uma literatura que me deu muitos esclarecimentos sobre muita coisa e aí achei por bem parar de ir lá, pois conheci leis profundas que regem o mundo e a nossa vida.Mas o mundo era um mar revolto e eu não sabia nadar, muito menos manter a cabeça fora d’agua. Aquela literatura me ensinou tudo do mar, mas aprender a usar isso teria que ser comigo.E foi a partir deste período que eu aprendi a conquistar mulheres sem precisar falar muito, e foram muitas, mas “amor” (confundi as paixões tidas com amor) como tinha experimentado antes, eu não conseguia sentir mais e isto me desesperava e me levava a outra e outra e outra...Até que, quando já não aguentava mais, conheci uma mulher me aceitava como eu era, e eu sabia que não adiantava ir embora como sempre fiz, pois com a próxima seria a mesma coisa, e a próxima e a próxima, então me esforcei e consegui ficar junto por longos dez anosMas a minha situação financeira já estava bem encaminhada e melhorou bastante neste período, além dela não depender de mim nesta área..Sobrevivi a estes dez anos, mas começou a me bater uma depressão muito grande novamente e a ter pensamentos apavorantes, então eu tinha que resolver os meus demônios, então peguei a minha mala e fui para um hotel com as suas solitárias paredes.Comecei a beber todas, eu não tinha para onde ir a não ser bares para me relacionar, e nesta altura já tinha independência finaceira e podia frequentar bons restaurantes, bons bares, bons tudo, mas sofria ainda com a fragilidade afetiva tremenda.Até que um dia encontrei um amigo tomando refrigerante num evento e ele me disse que estava se tratando de Síndrome de pânico e me confessou que outro colega nosso estava se tratando no mesmo médico.Não demorou muito para eu ir lá pedir o nome do psiquiatra. Pensei “deve ser mais um destes que eu conheci” e fui sem muita esperança, mas o cara me ganhou, e já começou a me ensinar relaxamento e depois me mandava conhecer pessoas "como lição de casa".Eu não podia ficar sozinho, e como ia lá duas vezes por semana, tinha que levar os relatos e não podia ser sempre as mesmas pessoas, tinha que variar.Mas como a finalidade era desenvolver afetividade e amizades, então era importante não ter sexo, então eu tinha que conviver com aquilo que me dava fobia, que era envolvimento afetivo, e procurei seguir os conselhos dele, na medida do possível, e fui conquistando e tendo amigas de verdade que duram até hoje.Era para dizer que eu estava em tratamento de socialização e que sexo prejudicaria o meu tratamento e tal e eu comecei a ver como as mulheres podem ser nossas amigas. Comecei a aprender outro lado para mim totalmente desconhecido e um lado muito bom, o lado da afetividade, da amizade e da confiança.Depois deste médico continuei na minha lida, pelo menos mais uma parte dela eu tinha resolvido e muito tempo depois, quando li o livro  “Mentes Inquietas”, da Dra. Ana Beatriz Barboza Silva, me achei e fui no consultório de um neurologista, pois psiquiatria não queria mais, e disse:  “Eu tenho “Transtorno de Déficit de Atenção, TDAH", e o senhor teria algum remédio para me indicar?”.Tinha, mas não resolveu.Eu já tinha um relacionamento sério, depois de todas aquelas namoradas como lição de casa, mas não estava nem 50% legal ainda, mas lendo o livrinho do plano de saúde encontro um neurologista que também era psiquiatra.Bingo, e ele me disse na segunda visita, que apesar da minha cara amarrada, ele já sabia que não era TDA que eu tinha, e que eu estava mais para bipolaridade.Então estou tomando os remédios e a minha vida posso dizer que já é normal.Quanto tempo passou isto? Quase cinquenta anos, uma vida. Antigamente Bipolaridade era chamada de Psicose Maníaco depressiva.Já imaginou eu dizer para alguém lá no passado, na década de oitenta/noventa, ou mesmo ainda hoje, que eu tinha uma psicose?Este termo "maníaco" é que era infeliz, pois neste caso ele quer dizer que você é a "mil", piradão, só que isto não tem nada de mais..O final dos anos sessenta e a década dos anos setenta foi um período bipolar da humanidade, com o polo na euforia, o contrário do até então, onde os músicos viviam caindo pelos becos escondendo os seus vícios como John Coltrane.Para sobrevivermos temos que ser inventivos, pois estamos numa frequência distorcida, como uma rádio fora da estação, mas temos que manter algum controle e as drogas ou bebidas, hoje mais do que nunca, só agravam o problema.É como viver montado em um boi brabo, que às vezes descansa e às vezes quer tirar você de cima.A medicina evoluiu muito nesta área, tanto nos remédios como nos diagnósticos e este distúrbio é químico e você tem que compensar o organismo com eles.Não tem este negócio de infância mal sucedida. O meio em que você nasceu é só a igual espécie que te atraiu para esta vida terrena, mas os motivos dos sofrimentos, estes, foi você quem fez por merecer, você os criou em vidas passadas, o mundo seria muito injusto e arbitrário se os fatores fossem só os genéticos.Não haveria justiça se fosse assim e o mundo seria ridículo com tantas discrepâncias; uns paupérrimos e outros tão ricos, uns nascendo na Somalia e outros na Noruega.Então as minhas pesquisas não se reduziram só à psiquiatria.Eu tinha um Norte, aquela filosofia encontrada lá atrás era perfeita, mas os meus problemas não pararam.Conheci um cientista louco, inteligentíssimo, mas muito soberbo, que desenvolveu uma ciência que ele chamava de Numeriatria, baseada na  Numerologia, e ele me explicou como eu me sentia, e o porquê.Ele falou quarenta anos depois o que eu queria saber daquela mãe de santo.Um exemplo que eu poderia dar é você imaginar que de repente um cara como o Sadam ou um Kadafi, ou um religioso impiedoso e arbitrário da idade média, nasce na próxima vida no meio de todos aqueles que ele fez sofrer ou oprimiu, mas só que agora sem nenhum poder.A sociedade a sua volta nem vai ligar para ele, mas a sensação anímica que ele vai ter, sem ter poder nenhum agora, é que todo mundo o quer pegar. E a sensação minha era essa, que todo mundo queria me pegar. "O que semeias, colherás"Tudo isto eu já sabia lá quando tinha 19 anos e encontrei a Mensagem do Graal do escritor alemão Abdruschin (www.graal.org.br), mas eu precisava além do conhecimento ali tido, achar descanso para algo que a medicina ainda não tinha. 

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