Minha Filha, Não Há um Dia Sequer... (Parte I)

Minha Filha, Não Há um Dia Sequer... (Parte I)


Minha filha, não há um dia sequer que não me lembre de ti...
 
A nossa história foi interrompida quando partiste sem aviso para longe de mim
E assim, desde o início desta triste trajetória
Experimentei a dor sem fim da saudade sufocante
Que dilacera a alma da gente de forma aviltante
Que brutalmente rasga o cotidiano com um luto incessante
A realidade dura nessa vida que começou a conscientizar que não poderia mais ser feliz sem ti
 
À distância em que você se encontrava de mim...
Decretou-se enfim a humilhante condição que tinha que aceitar para a sua nobre infância
Experimentei o amargo sabor de ser transformado em “pai visitante”
Que é muito menos que um parente distante
Que não poderia a todo instante estar com você como era o meu vívido desejo errante
O golpe malfazejo e inesperado no coração da consternada família paterna a chorar por ti
 
Minha filha, não há um dia sequer que não me lembre de que sou seu pai...
 
Vi, consternado, os seus belos olhos perderem o intenso brilho da felicidade infantil
Constatação sutil até nas poucas fotos que consegui do nosso sofrimento imputado
Meses após estar vivendo em outra cidade e na adaptação do fato temerário
Que não entendia por que perdera definitivamente o carinho paterno antes diário
Que não sabia por que foi parar em casa estranha e que seu bem-estar estava ao contrário
Vivia também o calvário de ser reorientada a ter que chamar outro de papai
 
As pouquíssimas vezes que nos encontramos nesses longos anos de misérias
São as lembranças sérias do carinho e do amor que tínhamos nas breves estadas
Onde em meus braços dançávamos pela casa ao som de músicas boas e animadas
Que cuidava de sua higiene e alimentação até a triste hora da partida
Que acarinhava e abraçava a linda quase criança como se fosse à última vez na vida
A felicidade e a tristeza descabida convivendo num mesmo período do dia que se vai
 
Minha filha, não há um dia sequer que não me lembre de que sou seu amigo...
 
Não sei se foi ou é arrimo de sua família materna
Pois mesmo na distância que consterna fui transformado num provedor de recursos mudo
Onde pago seu lazer, sua alimentação, seu plano de saúde e seu estudo
Que somente sei se foi internada no alento do extrato meses depois do fato oculto
Que ninguém me presta contas de sua educação, de sua saúde, de sua vida... De tudo
O silêncio injusto dos desaparecidos porque as instituições me consideram como a um falecido
 
Infelizmente vivemos num país com fraca legislação para o assunto direito de família
E nessa cartilha, mesmo que uma criança tenha pai, a outra parte pode legalmente o impedir de ser presente
Onde a educação e os cuidados são confiados a um padrasto, ou a um parente...
Que poderá só eventualmente receber o amor e os conselhos de quem se importa realmente
Que você não poderá desfrutar do abraço paterno que provém e conforta diariamente
A ruptura indecente que me faz ausente às tuas memórias indicando que és órfã de pai vivo
 
 Minha filha, não há um dia sequer que não me lembre do seu amor...
 
O martírio de sua ausência tão sentida representou também a preservação de sua infância
Sem ânsia houve o não às batidas policiais para que migalhas de visitas fossem cumpridas
Da possibilidade de sanções a ti houve recuos para que não sofresse ações descabidas
Que poderia ser exposta ao compartilhar o seu amor em função de visões distorcidas
Que poderia lhe colocar diante de escolhas que ainda não estás preparada pra fazer nesta vida
Não quis em suas memórias infantis lembranças lamentáveis de incompreensões e horror
 
Como de praxe, em processos judiciais, proclama-se ao pai benevolência e solicitude
Na prática é a atitude que mostra o abuso da condição privilegiada conceituando a tirania
Não aceitam contestações, dificultam comunicação, impõe condições deflagradas na covardia
Que mesmo delatada a atitude nos autos, cumprir decisão judicial parece uma simples ironia
Que cretinamente empresariam os filhos contra os próprios provedores de recursos do dia
Indiferença para o lado paterno e presteza para o interesse pessoal de provocar dor
 
Minha filha, não há um dia sequer que não me lembre de nossa esperança...
 
Todos os dias nascem crianças órfãs de pai ou mãe apesar de ambos estarem vivos
Constitutivos do desequilíbrio de poder, da falta de prestação de contas e da guarda unilateral
Onde permitem que a falha de caráter e a maldade tomem conta da situação desigual
Que poder sem controle permite a tirania, a guarda unilateral aprofunda a alienação Parental
Que a opacidade das contas de quem recebe pensão esconde o desvio do dinheiro mensal
O peso da opressão que desfalece a família de quem não tem a guarda de sua amada criança
 
Na razão do povo e das instituições de quem não conhece a literatura sobre o tema
Pode estar no imaginário coletivo que a anátema paterna sofrida seja merecedora por omissões e atos cometidos
Mas à luz da realidade, e antes de qualquer dilema imaginado ou mesmo sentido
Que se lembre que o direito é inalienável e independente de qualquer fato de outrora vivido
Que a frustração, a sensação de perda e a queda financeira são íntimas causas deste descabido
Resultando em tirania, desvio de pensão e alienação parental justificando desnecessárias desavenças
 
Minha filha, não há um dia sequer que não me lembre de seu jeito...
 
Privilégio de gênero ocorre na conduta de muitas instituições no mundo
Preconceito paterno no fundo arraigado das sociedades ocidentais atualmente é fato
Mas como qualquer conceito moral em vigor como outrora foi a de se ter escravo nato
Que no fundo consciente há a necessidade de substituição da barbárie pela razão do ato
Que as ações humanas serão regidas por conhecimento moral superior no trato
Revelar-se-á que amor, carinho, cuidados e provimentos à prole independem de peito
 
Devemos salientar que alienação parental, tirania e desvio de pensão é um horror praticado
Onde os gêneros dedicados se encaixam no caráter revelado com o poder de quem o pratica
Mas se ao longo dos anos quem tem a guarda é que nesta realidade melhor se habilita e fica
Que sob luzes ou nas sombras com incomparável tempo de persuasão a comunica
Que em incontáveis oportunidades nefastas não se furta de imputar a ilícita que complica
O gênero privilegiado de toda a idade acaba por aparecer vencedor deste crime quase perfeito
 
Fim da Primeira Parte...

Esta Poesia Tem Três Partes...
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Campanha pelas Igualdades Temporal e de Custeio

Que alguém conhecedor desta triste realidade
Diga que esta revolta é incoerente ou injusta
Que as colocações nos versos
Revelam impropério ou devaneio

Saibam que ela é dirigida à conduta de pessoas
Que praticam a barbárie descrita sem rodeio

E quem dormiu com o inimigo
E pagou os custos na infeliz trajetória
Reconhece a história e descobre muitos versos
Como um vívido exemplo passado em seu seio
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Poucos Poderão Dizer que não Beberão Deste Cálice...

Leitura Importante +++
Síndrome da Alienação Parental e a Tirania do Guardião

Documentário +++
A Morte Inventada
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Imagem e poesia também em... http://olhares.uol.com.br...
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Poesia elaborada em Aracaju-SE