O GOZO SUPREMO DA NAÇÃO
Texto de: Jorge Luiz Alves

 

Esse texto nos oferece um show completo, repetidamente vibrante , estimulante, prazeiroso! 

 

Finalmente, o Brasil conseguiu um orgasmo: goza da mais absoluta, total e irrestrita manifestação de cidadania, com todos os riscos, males, efeitos colaterais que atitudes corajosas de quem amam de verdade possuem. Liberdade assusta, amor é arriscado (tremendamente arriscado), partos são perigosos mas maravilhosos, igualdade e fraternidade deixam de ser belas palavras quando a feiúra que as unem manifestam-se em trôpegas palavras de ordem - a mesma ordem com que o aparato oficial e seus acólitos na mídia adoram coibir a massa, preocupada em sobreviver e não tendo como interpretar os códigos burgueses da enganação televisiva.

Enganação que percebemos quando os veículos de comunicação do sistema dão muito mais ênfase à destruição de patrimônios do que a destruição de famílias oprimidas por décadas de espelhinhos e miçangas habilmente ofertadas pelos dominadores. A política do índio: "Toma aí o BRT, a Copa e a Olimpíada e faça a tua parte, prostitua-se para que continuemos no poder, arrotando prepotências, falando difícil com canudo numa das mãos e na outra o gás de pimenta". Enganação de um péssimo amante, que precisa de um porre monumental para simular uma ereção momentânea e, sóbrio, broxa monumentalmente quando a conversa fica mais séria, sem subterfúgios.

E a 'conversa' no país chamado Brasil ficou séria de vez: o estopim fora em centavos, mas a conta sairá (finalmente!) cara para os que abusaram da paciência da população desde priscas eras. Lembra-me Cícero bradando para Catilina no Senado da República Romana: "Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?!" Uma pergunta de difícil resposta, até porque a capacidade regenerativa das elites é assunto para a banca de geneticistas. Mas, ao que parece, a paciência dum povo que só se preocupava com 'pão e circo', ministrado pelos edis, pretores, censores e cônsules da Terra Brasilis, acabou. Feito discípulos de Espártaco, saem às ruas como gladiadores aviltados pela elite apodrecida, ofendendo a machadadas os patrícios do Pré-Sal, das falsas (e corruptas) esquerdas, dos barões das telecomunicações e seus faustônicos poderes, da direita neoliberal ávida por retornar à rampa e, com um pouquinho de sobriedade - após esse monumental porre de cidadania - , a canalha paramilitar da periferia e as avacalhações eleitoreiras.

Sim, meu povo: para que o gozo seja prazeirosamente supremo, falta apenas carimbar, num saboroso jogo de cintura, a 'madame urna eletrônica', com milhões de votos indignados, atingindo-os no clímax de toda corrupção política: anulando ou não, façam com quem entendam, em definitivo, quem é que está por cima de verdade, nesta transa mal ajambrada que os séculos de escravidão, exclusão, racismos e desigualdades terminaram por inseminar o maltratado útero de nossa fértil, generosa e ingênua nação - que, graças a um deus de intangível justiça, acaba de se levantar do leito onde fora cruel e repetidamente estuprada.

 

 

Acho que o mundo deveria ler este texto!

Justiça seja feita!