Na terra do vai quem quer
Perto do pendura e cai
Havia uma mulher
Que se dizia cigana
Com fama de advinha
Morando numa choupana
 
Toda gente a procurava
Para ler a sua mão
Pagavam certa quantia
Na seguinte condição:
De ser certo o que dizia.
 
Correu sua grande fama
No baralho e no tarô
A fila era tão grande
Que o povo até desmaiou
De sol e muito calor.
 
Havia um príncipe na corte
Que desde quando nasceu
Trazia os olhos fechados
E com médico nenhum
obteve resultado.
 
O rei soube que na serra
Sábia cigana existia
Que por milagre curava
Qualquer doença que havia
Com fé seu filho levava
 
A cigana o recebeu
Com muita galanteria
Era a família real
Que muito lhe enaltecia
E fez tudo que sabia!
 
O príncipe abriu os olhos
E disse: mãe sou seu filho
Que você matou com ervas
Impediu-me de nascer
Por isto vivo nas trevas
 
O bom rei ficou sem fala
Mediante o que ouviu
E pediu explicação.
A cigana desmaiou
Caindo dura no chão.
 
Era a mãe disfarçada
Que fingira ter morrido
Quando seu filho nasceu
Vendo que foi castigada
Foi pra longe e se escondeu.
 
Tudo aqui é descoberto
Mais hoje ou mais amanhã
Ninguém da pena escapa
O mal dura para sempre
É traçado em nosso mapa.
 
Só assim o seu esposo
A pode reconhecer
Foi uma mãe desalmada
Covarde e orgulhosa
Deixou seu filho a mercê
 
Existem muitas mães assim
Não dão valor aos seus filhos
Nascendo defeituosos
Fogem do seu dever
Pois são seres orgulhosos.
 
A maternidade é santa
Devemos a respeitar
Foi tudo predestinado
Não podemos rejeitar
O ser que nos foi mandado
 
Seja feio ou doente
É a nossa obrigação
Tratá-lo com muito amor
Tendo dele compaixão
Respeitando a sua dor
 
Eu muito agradeço a Deus
Os filhos que me mandou
Nasceram todos perfeitos
Cheios de graça e vigor
Fortes e sem defeitos
 
Mas se acaso eu tivesse
Um filho defeituoso
Com carinho era tratado
Criado com muito amor
E talvez mais bem cuidado.

 

MARIA AGLAIDE NEVES
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