O Poema e o Poeta


 Brindo com o copo vazio,

 O conteúdo está em mim.

 Não troco sorrisos, nem lágrimas,

 Mas brinco de esculpir palavras.

 Finjo que são aladas, que voam.

 Que têm a liberdade que não tenho.

 Não o conceito de liberdade,

 Pois que esta não tem graça,

 Mas aquela que é utópica,

 Que é tão distante,

 Que não se alcança.

 Que vale mais pelo anseio,

 Pelo desejo que querer,

 Do que pelo prazer de ter.

 Não ocupa os sonhos,

 Nem mesmo ilusões,

 É caos absoluto,

 São cores mesclando-se,

 Na gênese da criação.

 E isto, pouco importa o que é,

 Pois o saber é limite,

 Enquanto o poema,

 É rei mendigo,

 Andante de tantos caminhos,

 De trilhas distantes.

 E qual graça existe nisto?

 É toda graça desconhecida,

 É divina, pois que se perde,

 Não é encontro, pois é fuga.

 Momento eterno,

 Em meio ao passageiro.

 Beija flor de luz,

 Anjo guerreiro,

 Arco dourado,

 Espada solar.

 No espinho de uma rosa,

 Feri-me, vi o sangue preguiçoso,

 Vi-me vivo, e assustei.