PREFIRO A LIBERDADE

 
As águas correm pro mar em toda sua extensão
O sangue, pro corpo inteiro partindo do coração
O amor é uma virtude, um idílio, uma paixão
É febre intermitente, que nos deixa uma semente
Que arrebenta a gente, pior que um furacão
 
Um mal que não tem cura e casa que não tem chão
É festa que não há música, é dança sem ter salão
No amor todos são bobos, puxados e arrastados
Sem saber pra onde vão, ficam cegos e adoidados
Toda força se esvai, são levados sem razão.
 
Nos afronta com loucura, vem acabando com tudo
Corroendo nosso peito, esmagando o coração
Nos deixa loucos perfeitos, bobos e atoleimados
Todos caem em sua teia, presos e embaraçados
Faz do velho uma criança rastejando pelo chão
 
Já sofri por muito tempo, agora me libertei
Tirei todo amor do peito, fiz questão de descansar
Tranquei o meu coração, joguei a chave distante
Nunca mais em minha vida, nem quero ouvir falar
Deste mal tão perigoso, que me maltratou bastante
 
Até que a muito custo, eu pude me segurar
Se quiser sofrer que sofra mais me deixem sossegar
Estou muito bem assim, leve e solta pra voar!
Tenho saúde e paz, vivo tranquilo em meu lar
Não tem quem me aborreça querendo me dominar
 
Sou um ser experimentando, de coração escolado
Forte, endurecido e que sei onde vou pisar
O tempo é professor, na matéria fui formada
Tenho grande experiência, depois de muito apanhar
Quero alívio e sossego, levem esta praga pra lá.

MARIA AGLAIDE NEVES
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