Não conhece essa empreitada,
a cidade que agora dorme,
 e não vê o frio que invade o posto,
 
nem a chuva fina que cai no rosto,
encharca todo o uniforme
e escorre pela calçada.
 
Dorme Rio de Janeiro;
Que, guardando o teu sono fagueiro,
vela a Praça, empertigada.
 
Testemunhas dessa labuta
o bêbado e a prostituta,
companheiros da madrugada.
 
Pelas ruas e vielas,
praças, morros e favelas
te guardou com a própria vida
 
tateando no escuro
cruzou pontes, galgou muros
enquanto tu, adormecida,
 
Não ouvistes um só ruído,
Nem despertastes com o estampido
Do disparo da espingarda
 
não te assusta o som da morte,
Nem o odor que exala forte
Do sangue que mancha a farda.
 
Não te acordou o som do tiro,
Nem do ultimo suspiro
Do corpo que agora esfria
 
O companheiro jaz em prantos
mas é apenas um de tantos
que importância tu darias?
 
Não te comove a dor da viúva
Nem o vermelho que tinge a chuva
Que escorre pelo ralo
 
Nem o órfão te comove.
Até a noite chora... e  chove
mas tu dormes sem abalo.
 
Dorme cidade maravilhosa,
desperta, bela e formosa
que o teu filho que partiu
 
foi um soldado que morreu,
"foi só mais um sol que nasceu
No céu imenso do Brasil".
 

 
 

Referència à canção do policial militar:

"...em cada soldado tombado, mais um sol que nasce no céu do Brasil..."
BRUNO
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