Domina a fúria que impulsiona
a insensatez no tom de tua voz.
Refreia o ímpeto e a inconsciência
da expressão dura, do olhar atroz.
 
Tempera a voz em tua voz interna,
banhada em águas do coração.
Deixa que surja, purificada,
melodiosa como canção.
 
Lembra do Mestre, em tempo remoto,
coração reto qual labareda,
que, com leveza, tocava o solo,
andando sobre um papel de seda.
 
Não deixa marca que fragmente,
ou que divida, qual alameda.
Cultiva o prado de teu caminho
pisando leve o papel de seda.
 
Não busque o solo que te sustente,
a base falsa que arremeda
uma verdade que não existe,
que dilacera o papel de seda.
 
Preso ao celeste, vê que flutuas,
livre do peso, pelo espaço.
Passos de seda, mostram que a tua
é uma vontade forjada em aço.
 

Lucia Helena Galvão - luciahga.blogspot.com

Lucia Helena
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