Decatos Tetra-ectos #029: EU SOU UMA MÚSICA VIVA

Bosco Esmeraldo

Eu sou uma música viva
Com letra e melodia,
Na mais perfeita harmonia,
Composta e rediviva.

Sou um dueto composto
Por meus pais, a quatro mãos,
Não sou meros termos vãos,
Mas um poema bem disposto,
Rimado e "estrofado"* posto,
Corpo e alma e mente sãos.

As estrofes são as fases
De toda a minha existência,
Escritas com coerência,
Outras em suas pré-fases.

A primeira é com certeza
O dia da geração,
Seguida da gestação,
Tecida por Deus com destreza,
No ritmo da Natureza,
Feto que vem do embrião.

A estrofe do nascimento
É onde nasce a poesia,
Exuberante alegria,
Um grande contentamento.

Do nascimento à puerícia,
É a estrofe mais importante,
É a base relutante
Que vem de pura imperícia,
Pra uma sólida perícia,
Equilíbrio resultante.

Terceira estrofe a mais bela,
Fase do amadurecimento,
Consolida o crescimento,
É essencial, bem em tela.

Adolescente imaturo,
Busco na imaturidade,
Galgar a maturidade.
Tornando-me ser maduro.
Quero ser um ser mais puro,
Com toda honestidade.

Já na matura fase,
Colho o que foi semeado
No que foi pré-estrofado
Dia-a-dia, fase-a-fase.

Essa estrofe traz-me os louros
Conquistados, bem vividos,
Decerto, bem sucedidos,
São exemplo pros calouros,
Que buscam os bens vindouros,
E valem ser revividos.

E, como todo bom poema,
Tem que haver o fechamento,
É o dia do finamento,
Vejo isso sem problema.

Me dispo enfim, dessa vida,
Eis a obra em conclusão,
Volto ao PAI, grande emoção.
Conclusa foi a boa lida,
Cristo, à porta, me convida:
"Entra, filho!" Que canção!

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(*) Estrofado: Neologismo criado pela "licença ou liberdade poética" para suprir a necessidade de expressar "o que foi dividido em estrofes".

Od Laremse
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