Desafio de Viver

 Que a morte não seja representada
 pela imagem de uma bruxa megera.
 Que o nosso contínuo amadurecimento
 faço-nos reconhecê-la,
 no futuro, como bela ninfa.
 Que não seja uma imensa muralha,
 que não seja uma grande barreira,
 um enorme obstáculo,
 mas seja convertida em indescritível portal
 para o infinito céu,
 onde veleja a nau da existência.
 Seja imagem distante
 que nos faça esquecer
 as cartas marcadas
 com que o destino nos ameaça.
 Que, fugitivos da predestinação,
 passemos a crer que a cada minuto
 tudo podemos mudar.
 E assim, quem sabe,
 nem a vida, nem a morte,
 longe dos pontos limítrofes,
 fugitivos do presente,
 libertos da intensa
 felicidade dos nascimentos,
 libertos dos torturantes
 traumas dos falecimentos.
 Sublimando a razão
 pelo batismo do conhecimento.
 Cegos, reconhecendo
 existirem dois planos.
 A visão do raciocínio,
 o olhar do pensamento
 que conclui o intuir,
 que cria o pressentir da ideia.
 Que o esclarecimento
 ilumine as sombras do medo,
 abandonando o sentir morrer a cada dia.
 Que ante o reconhecimento da eternidade
 cada instante seja
 apenas mais uma letra no livro da vida.
 E a vida terá vencido a morte.
 E a morte será apenas
 um estágio de mudança na vida eterna.