Eu me desnudo
Mudo e surdo a tudo
Sem cor, sem conteúdo
Sem escudo
E exudo
A tua ausência.
Ah, tua ausência...
Torpe demência
Raiz da carência
Me queima a essência
E macula a existência
Com a vil dormência
Do sentir
Do fluir
Do cair
Sem teus braços
Sem teus abraços
Pra me fazerem sorrir
Pra me fazerem dormir
Pra me impedirem de ruir.
 
Eu vago feito bruma
Sólido como espuma
Ao vento, uma pluma
Sem pátria alguma
Querendo parar
Pousar, respirar
E te olhar
E te tomar
E te beijar
E em teu corpo entrar
Pra inteiro me dar
A teu mar
E ali desabrochar
Sem pudor
Feito uma flor
Sem culpa ou temor
No doce ardor
No forte furor
Desse meu escultor
Que é teu amor.

 
 
 

HC
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