Ela dança, em meio a luzes e cores

e sob uma fumaça de cigarro barato,

atira seu corpo seminu, seus cabelos e beijos

aos olhares mais vorazes e insanos

da sua fiel platéia de quarta-feira...

que lhe devolve um sorriso pontual,

mas um tanto canibalesco e ingrato.

Ela canta!... e desperta e desejo,

a vontade, o prazer, o pecado...

dá tesão!...

bebe, fuma... joga com a vida

e trama coma morte.

Agride, rasga - sangra -

os templos e véus

mais sagrados de um povo.

Quem fora tal mulher quando menina?...

Quem fora?...

Será que já nascera assim: cantando, dançando,

pecando, jogando...

ou será que fora dançarina

de alguma caixinha de música na França?...

E no vai-e-vem da vida

ela vai dançando, cantando, pecando...

jogando, tramando, viciando...

- ILUDINDO -

e morrendo duma overdose

de pura ilusão... pura ilusão...

solidão...

I - LU - SÃO...

Walter Pantoja Teixeira
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