Saudades, só saudades ...

Saudades de um momento solitário
ao pé da calada da noite estrelar
uma centelha ao longe brilha pela janela
eu e mais eu e Deus
e meus pensamentos silenciosos
refletindo sobre os mistérios,
puxando de meu interior cavernoso
todo mais profundo sentimento
para o acalento do meu peito morno
esse sopro de vida e felicidade
de sorrir com as pequenas coisas da lembrança
com os pequenos objetos
concretos e simbólicos de uma existência

A noite passada
eu escutei vozes, tempestades
um barco em intempéries
nas águas altaneiras,
ai ai esses timoneiros fantasmas
nascentes das escolhas

Hoje estou matando as saudades
de habitar no meio tempo estático
no intervalo entre o pensamento e a ação
eu e a Via Láctea somos uma só
adentrei horas sem gravidade
onde tudo flutua à minha volta
e eu não preciso mover um dedo
finalmente encontrei paz e sossego
encontrei a mim mesma
deslizando nas minhas linhas
ao som da minha música
ao tom da minha arte
eu, co-autora desses autores
técnicos, românticos, góticos, espirituais
que vieram antes de mim
Eles não sabiam o quanto iam me transformar!
Tem momentos em que amo existir,
sinto saudades, só saudades de mim