Por onde andei? Há tanto tempo não me vejo
Que até questiono a sanidade das lembranças
Que em mim guardei: foram reais ou esperanças?
Verdades? Sonhos? Menos fatos, mais desejos?
Quem me tornei? Não reconheço meu reflexo...
Por onde vim? O rastro claro dos meus passos
Não encontrei; um vendaval mesclou meus traços
Com o sem-fim da areia inúmera e sem nexo...

E o que sobrou? Se tudo é caos e indiferença,
Pra onde vou? Se quem eu era me despreza,
Vou sem passado pra guiar o meu futuro,
Mas com história pra trazer as conseqüências;
Dilacerado pela dor das incertezas,
E sem memória pra lembrar do que procuro...