O VELHO CAIS!



O VELHO CAIS!
 
 
Hoje eu voltei ao cais. 
O mesmo em que te vi partir até que sua imagem
se perdesse no horizonte azul.
Abri meus braços para o infinito que já não é o mesmo.
Agora a tua ausência predomina. 
Aquele tronco de árvore, onde nos sentamos,
tantas vezes, afagados pela brisa do mar,
onde nos beijamos pela última vez,
não está mais lá, no lugar de sempre.
Talvez tenha se transformado em lenha e aquecido
corpos frios e solitários nas noites de inverno.
Talvez, quem sabe, servindo de apoio a outros casais.
 
Eu voltei para me desvencilhar de velhas
e amargas lembranças,
que a angústia do sofrimento já não me diz muito.
Ficou no esquecimento de mim mesma
tudo o que representamos um para o outro,
todo o amor compartilhado
e a tua partida sem volta.
 
Doeu, é bem verdade.
Uma dor tão doída e peculiarmente minha,
que ainda restam alguns fiapos
que não consegui retirar de minha alma.
Estão impregnados do teu cheiro, do teu suor.
Estão aqui - talvez para sempre.
O coração em frangalhos, as esperanças
despedaçadas pela realidade,
voltei de uma longa peregrinação por outros cais.
Por outros amores... Por outros mares.
 
Perdi-me em devaneios,
tentando encontrar algum ponto de partida
– e achei o final desta estrada.
Aqui tudo começou e aqui tudo termina.
O velho cais será parte integrante
de um capítulo de minha – de nossa – história.
Que teve começo, meio e fim!

 
(Milla Pereira)
 
 
 
 
 
 

O velho cais traz-me lembranças ainda vivas na memória.
De um amor improvável.
De uma partida sem volta!

(Milla)

Em uma noite de melancolia...

Milla Pereira
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