Gota a gota,
Destilo a raiva
Que me acomete.
O mundo,
Imagem agora transformada,
Jaz contaminado
À minha volta.

Objeto e sujeito,
Vadeio confuso
Pelo pântano
Que minha cólera criou.
Estagnados meus dias,
À deriva dispersam-se
Na neblina de uma mágoa
Solitária e amarga;
Não há sentido possível,
Nem direção,
Nada escapa à esta teia
De escuridão.

Corroído por dentro,
Meu ácido,
Veneno íntimo desfaz,
Borrando as lentes
Do meu pensamento.
Vivo, assim,
O inverno dos meus dias,
Crepuscular agonia
De que sou vítima
E algoz.

 

Uriel da Mata
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