SAUDADES DE MIM.

Eu olhava no espelho refletido
O que restou de um jovem comum,
Não me espantei, foi até divertido
Traços do que fui não restou nenhum.
 
Pele enrugada, pálpebras caídas
Cabelos ralos e embranquecidos
Barba cerrada, crescida
E um olhar no horizonte, perdido!
 
Não lamento, mas sinto saudade!
Sinto saudade de mim, do que fui,
E só agora vejo diante da realidade
Que somos água, que tempo dilui.
 
Sorrindo como um palhaço, escondendo a dor,
Sigo cumprindo o meu papel
Vou espalhando gentileza, distribuindo flor,
Adocicando a garotada com balinhas de mel.
 
Envelhece o corpo, amadurece a alma,
Mas a vida continua me ensinando
Dos olhos vai apagando o brilho da chama
E de mim  vai a saudade aumentando.
 
 
 
 
 
 
 

Eu não sei se passo pelo tempo ou se ele passa por mim. O que sei é que os meus dias vão ficando distante, o corpo cansado, a visão turva, meus passos lentos e sinto que já não sou o mesmo. Minha infância, minha juventude e maturidade agora é passado, o que me resta é a saudade que sinto de mim. Vou vivendo o meu inverno com um restício de esperança de ter por prêmio que o vento apague a chama da vela do tempo e não a deixe queimar até o fim.

Sentindo saudade,