OLHOS NEGROS

 
 
Olhos negros, negros olhos.
Olhos negros de olhares maldosos e desejos sóbrios.
Por que me fitas com este olhar de pantera no cio?
Já não me tens em tempo,
Quando por mim anseias?
‘Inda que neste recanto solitário,
A ti pareço silenciosa e ausente,
Oculto um rastro de loucura e fascínio,
Neste coração flamejado de paixão,
E ânsias por ti almejadas.
Embora, tu que ‘inda não tenhas se quer percebido,
Deveras, há muito que aos teus pés estou.
Por que, então, não aplacas este desvario?
Não carece obstar-me de amar-te,
Assim, com tal zelo e apreço,
Que não obstante, esta eterna procura,
Parece-me absurda,
Já que me julgo, infinitamente, recompensada.
E regalo-me, sem tanto aparato,
 De há muito  amar-te com desvelo.