O TEMPO QUE NÃO PERDOA

O TEMPO QUE NÃO PERDOA

Sonho e me vejo descendo uma ladeira,
E o amor subindo na contramão.
Esta é a minha terrível realidade,
Prega-me mais uma peça o meu velho coração!
 
Ó tempo que não perdoa que é inexorável,
Que não nos dá uma segunda oportunidade.
Que está em mim e aos meus olhos e inevitável,
Queira eu ou não estou diante da minha verdade.
 
Não estou falando do amor fraterno,
Este eu tenho de sobra não me falta
E sim do amor que nos leva do paraíso ao inferno,
De um homem por uma mulher, que nos alegra ou maltrata.
 
Tento acenar para minha juventude,
Mas qual, já nem a vejo de tão distante.
Não considero a velhice uma das virtudes
E sim viver sofrendo de saudade constante.
 
Não me vejam como um velho desesperado
E sim a constatação de uma realidade.
Não retrato um ancião decrépito, degenerado
E sim um coração que resiste ao tempo e tem necessidades.

Não vejo a velhice como castigo e sim o fim de uma jornada que nem sempre é bem sucedida e farta de boas lembranças. Não vejo o tempo como um inimigo e sim um caminho só de ida e que nos premia com a saudade, que nos deixa lembrar o que ficou para trás, mas que inexorável segue em frente. Ele é eterno e eu... efêmero!

Manhã chuvosa.