Amor, agulhas e espinhos

Amor, agulhas e espinhos

Há páginas em mim que não quero ler

Lembranças que decidi não ter

O desejo que alimentei preso ao anzol da vaidade

Já foi manhã de sol

E , ao fim, se fez cinzenta tarde

Não quero do amor a metade

Também não o imagino inteiro

Só quero dele o quinhão verdadeiro

O que é genérico não me interessa

Busco o querer autêntico, que chega sem pressa

Que entra pela porta da frente

Não pela fresta da janela

Sem atalho, sem deixar sequela

Não quero o amor em conta-gotas

Tão pouco o quero entornado

Quero o amor cuidadosamente dosado

Quando a lona espessa da rotina

Se debruça sobre o que sabemos amor

Queremos sair pela porta dos fundos

Encerrar o labor, cumprir a sina

De sermos tão somente dois mundos

Em órbitas solitárias

Complexas moradas

Agulhas se infiltram na alma

Espinhos brotam na carne

Deve haver uma tarde alva

Translúcida... sem acne

 

 

                                                        * Úrsula A. Vairo Maia *

 

* Proibida a reprodução ou repasse desta poesia sem que a autoria seja mantida. Registro na Biblioteca Nacional. Respeite os direitos autorais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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em meu cantinho em Agosto deste ano