PARA METADES ( DE ALGUEM TÍMIDA)

Metade do que sou quer ser
metade do que dou quer ter...
Metade do que somos, podemos
do que podemos, queremos...
 
Para metades, metades bastam!
Um quarto de qualquer coisa
às vezes é melhor que nada.
E nada é quase sempre
melhor do que qualquer coisa...
Qualquer coisa
é melhor do que sofá de espera
vazio
em ante-sala...
 
Metade desse ser
que por vezes sou
quer ser...
Sonho ser inteira
e parte dessa guerreira
já perdeu a guerra!
Metade desse morro
dessa serra, eu transponho...
Mas ainda falta
mais que a metade
pra passar a espera...
 
É que preciso deixar de ser meio,
de ser via,
sem servir...
Levantar da ante-sala do meu eu
abandonar a solidão
propícia de quem cobra,
de quem sobra...
pegar o meu papel
rever-me, retirar o véu,
mirar...
E, em algum momento
no palco da vida,
pelo menos coadjuvar...

De alguém que está sofrendo de timidez e por isso prefere se curar primeiro do problema que lhe aflige. Enquanto isto a pessoa vai divagando e aguardando que o vento mude de direção.

Obrigado!

No isolamento poético