Nosso silêncio

Meu corpo sôfrego
Serpenteia em nossos lençóis
À procura dos teus braços afogueados
Que impetuosamente
Me capturavam como anzóis
Num oceano de desejos desaguados

 
Era naquele leito
Efusivo e esponjoso
Que nos enlaçávamos

Teia misteriosa da paixão

 
Tenda onde estralavam
Nossos copiosos beijos
Desprovidos de qualquer tensão

 
A foto empalidecida pelo tempo
Ainda permanece altiva
Naquele antigo porta-retrato
Ejetado ao chão pelo vento
Do nosso mais pungente dissabor

 
Espelho quebrado
 
Restam agora apenas cacos
Do que entendíamos amor
Do que sabíamos fervor
 
Um indelével silêncio grávido
De todas as palavras que já foram ditas
 
Aquele desejo ávido
De voltar ao ponto de partida
Ressoa nos lençóis
Vazios e desfeitos
Escorrendo pelas frestas
Dos pensamentos ainda não refeitos

 

                                ~ Úrsula A. Vairo Maia ~

 

* Mantenha a autoria do poema- direitos autorais registrados

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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