Poema nº 1

 
O que é capaz, violão, voz e pura emoção.
Amor, silêncio, um assobio, um simples mortal.
Unir Edith Piaf e um tango em Paris, comoção incandescente.
entardecer no Ártico, Buenos Aires, passos de bebê, na rua, cantar,
Seguindo passos, Yupanqui, Marlon Brando e o mundo inteiro,
uma pequena parte, a primeira vez que subi num palco, não era Chaplin, nem sabia o que fazer.
cantando, uma só voz , todas canções.
tentando aprender russo, grito, gritos, gritaria, um berro na noite escura e veloz.
 
O amor não tem hora, vezes, revezes, sortilégios.
Quem sabe magia branca, um atropelo, um engano, um veneno, na hora errada, Romeu antes de Julieta.
Tem sim, vazios a serem preenchidos... por amor.
Um pouco da sombra do amor, de completude, de absoluto, tem sim.
Vazios do amor?
amor ressentido,é amor? E o cíume, um excesso de amor.
sublime já se afasta, e fragmenta-se, sob pés,
Olho para o alto, desvio o olhar, e me aproximo de teu oásis,
tomo água da algibeira.
Encontrando-nos, completamente, exaustivamente, nós,
uma certa canseira de olhar e de dizer de mim, nos desencontros.
"curtidos de soledad"... e incrivelmente solitários.
Sempre acompanhado e nem sei por quem.
Em que céus e círculos, e todo universo,
o caos, a estrela negra, o fim da luz, do céu, de tudo, e a resolução do ponto,
a quadratura do círculo
parecem átomo, mônada, self, anima.
Galáxias, cores, sons, emanações, poderes
 
Qual é ponto,
Onde estava você, mesmo?
Em que você deixou de ser,
ou não ser,
e se transformou num não sei quê,
mas suficientemente forte para dizer
vontade  sair correndo, do palco,
de se achegar, mais uma vez, do lado, enamorado
ou, então, dizer, vamos parar tudo,
ou continuar tudo
recomeçar , festa não acabou,
mas pode acabar
podia ser melhor.
pior não existe?
Colecionar canções, vídeos, reaprender,
não ver, outros sentidos, manias, esquizofrenia.
escutar diversas vezes, decorar teu nome,
esquecer o encontro, perder a atenção
gravar tudo, na ponta dos pés:
Derrubar o abajur e destruir em milhares de pedaços, de acordar
Teu coração nunca dorme.
Dormirá, um dia, sei.
Perseguir sonhos, novas terras,
Tudo já foi visto, esquadrinhado
quem sabe, novo céu.
já conheci todos os céus, e isso é uma vergonha.

 
 

 

Para Soninha, amor da minha vida.

Bagé, 22 de agosto de 2008

Claudio Antunes Boucinha
© Todos os direitos reservados