Sonetos trágicos

Oração para a hora de partir.


Oh! Vida dei-me uma boa hora na morte...
Não acrescentes nada mais, mesmo que eu mereça...
Nem sobrecarregue o meu corpo e minha cabeça...
De minutos que o meu coração não mais suporte.
 
Conceda-me um feliz desdobramento, com calma...
Não me de margem para uma tola continuidade...
Tornado infeliz e despreciosa a minh
álma...
 Porque desta vida não tenho mais necessidade.
 
Que de mim nada mais se pode esperar...
Do que foi bom deixou-me grato e satisfeito...
Do que foi desastroso, quero partir sem reclamar.
 
Quero minha amada junto ao meu corpo a me velar...
E no meu eterno repouso ter a terra como leito...   
Pois da terra fui feito, para a terra quero voltar.   
 
                (Segunda parte)
 
           Soneto dos partintes.
 
 
 O corpo fica disforme e sem brilho,
 Ultrajado pelo sofrimento e pela dor,
 É a vida que vai saindo dos trilhos,
 Perdendo a luz o encantamento e a cor.
 
Os sulcos escritos na pele acentuam-se
A formosura deu lugar a implacável flacidez,
Os olhares perdidos no horizonte apreguam-se,
Tirando-lhe a doçura, o orgulho e a altivez.
 
O presente esconde um passado que foi exuberante
Ficando expostos sobressaltos e suspiros ofegantes,
Não deixando nem sequer um sopro de esperança.
 
Na doce magia estampada naquele corpo que foi criança,
Só restaram pedaços de
saudade nos olhos dos ficastes,
E a suposta paz estampada na face fria e rígida dos partintes

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Jose Aparecido Botacini
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