"SAUDADE DÓI"

Chovia, chovia torrencialmente, a rua, um rio corrente...
nem uma voz prá me acalmar; Eu no meu quarto chorava, chorava copiosamente, pois longe de mim estava, sem saber se ia voltar.
Me acalantava...com os meus próprios gemidos, meu coração tão ferido, minha alma despedaçada; Meus gritos pareciam murmurios...meus ais, entre quatro paredes.
Ah! Que torturadores momentos passei, ouvindo o som merencório dos meus soluços, e a potente voz do trovão; E o clarão dos relâmpagos, que naquele silêncio absurdo... teimava em me torturar.
Ah! Como o sufoco de uma ilusão dói! Que ao interpretar o ronco ensurdecedor dos trovões, eu ouvia a sua voz; A sua voz que gritava a minha presença...que por mim gritava! Mas como encontrá-la?! Se eu não sabia onde estava.
Até que enfim, acabou toda tormenta, e o meu tormento também, pois eu sonhava, sonhava com toda aquela situação, mas com toda aquela chuva, raios e trovões! Se transformou num pesadelo! Foi um martírio prá mim; Ai! Que sonho ruim... ainda bem que acordei agora! Mas...passei a mão sobre a cama, sobre o outro travesseiro, tudo estava tão vazio...o travesseiro estava frio; Mas já era madrugada, abri a janela, dei uma olhada na calçada; Tudo era silêncio, todos dormiam.
Fechei novamente a janela, e sem perceber...eu murmurava o nome dela, e até pensei estar louco! Mas sentei na cama, me acalmei mais um pouco, mas murmurando seu nome, e num gésto impensado eu pego o telefone, alguém atende e eu grito o seu nome, o meu coração pulsava forte! Alguém responde, era ela...pulsava mais forte o meu coração! Naquela fria madrugada, e eu ouço a sua voz...um tanto embargada pela surpresa, ou quem sabe? Também pela saudade.



Autor: Antonio Hugo.


Publicado no Recanto das Letras em 25/12/2005


São Paulo, 25/12/2005