O meu pecado foi amar-te,

Eu simplesmente te amei

E cavei

E cavei

E cavei o solo endurecido de seu coração,

Negro e estéril numa estonteante imitação do seu olhar,

Mas não encontrei o seu amor por mim,

Ele não estava lá,

Nunca esteve lá,

Escondia-se na sua distância silenciosa e impossível,

Cavei com minhas próprias mãos até sangrarem,

Cavei em vão.

Eu tentei outra vez jogando sementes deste amor,

Mas você não as regava

E, por maldade, rindo, deixava o sol entrar

Para secar o chão mais e mais,

E as sementes não viraram broto,

Semeei em vão.

Como última tentativa

Eu confessei a você o meu amor por você,

Foi em vão;

De dia, o meu pensamento era só você,

À noite, eu sonhava só com você,

Mas a angústia era teimosa em bater em minha porta

E eu a enganava enganando-me com a esperança,

Com dor no coração e muito choro,

Eu sentia que você estava indo embora;

Com as mãos e o coração machucados

E com lágrimas de tristeza nos olhos,

Eu percebi que a sua imagem embaçava-se com a luz do meu amor,

Que se apagava lentamente

E, devido ao seu silêncio, pintava-se com cores escuras de luto por ele mesmo.

E, por fim, a mágoa atropelou o amor,

Que, sofrida e lentamente, murchou e morreu,

Tudo acabou,

Sem adeus,

Nem amizade nasceu,

Só a mágoa

E a saudade,

Paulo Roberto Varuzza
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