Amaldiçoado seja o corpo:
Pois que ele impreca blasfêmias;
Fere o semelhante e propaga a guerra e o dano...
Mas, mais amaldiçoado seja o espírito,
Porque o corpo nada mais é
Do que uma marionete de sua tirania!
As tempestades que o mundo nos sujeita
Vêm de tantos agouros para que minguemos
Nas noites frias dos próprios anseios.
O amor que tenta sobrepujar os pavores,
Persiste como chuva rara no deserto do eu...
Existe, mas transtorna as esperanças.
Tal como a cegueira que busca a luz,
Mas apenas se afunda em mais trevas!
E, enfim, cultivamos os frutos do otimismo
Tripudiando maus pensamentos como se fossem inúteis
E inexistentes, porquanto não convêm!
Há monstros e demônios em nós todos,
Os quais se alimentam de tudo que vimos
E passamos, consoante traumas que perduram.
Somos defeitos em busca de paz,
Mas é o conflito que rege o que nos tornamos,
Posto que o embate é perpétuo e plantamos ilusões...
Seis vezes seis queremos um amor e tranquilidade,
Que, embora dignos do que merecemos,
São lobos em pele de cordeiros
Por abaixarem a guarda do que, de fato, é o mundo
E trazerem a nós uma vulnerabilidade necessária
E sublime, mas que não deixa de ser seis vezes seis (novamente)
Uma fraqueza diante do que nos prega o universo e sociedade!
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