Senhorita, façamos o propósito,
Daqui até a eternidade,
Para que estejamos próximos
Até nossa senilidade;

Vivamos cada interstício 
Com entrega e fidelidade.
E nunca caíamos no precipício 
Do convívio sem cumplicidade. 

Senhorita, recolhamo-nos em copas,
Para que nada em volta
De nós, interfira inadvertidamente,

Na glória que Deus, graciosamente,
Derramou sobre nossas faces.

Senhorita, fortifiquemo-nos em nuvem,
Para que as bênçãos abundem
Sobre nossa convivência 

E o perfume de tua essência 
Além de nossos olhos, espalhe-se.

Senhorita, reiteremos o propósito, 
A cada romper de aurora,
De, no labor e no ócio,

Sermos, um do outro, a obra
Em ininterrupta construção;
E relevemos nossa imperfeição. 

Senhorita, blindemos nossa aliança 
Com entregas e renúncias.
Aquelas, de amor sem medidas;
Estas, de tudo que não edifica.

Reguemo-nos de esperanças, 
Para que doravante, nunca
Tenhamos que, por vício,

Prolongar nosso convívio;
Nem, nunca por piedade,
Vivamos de aparência. 

Jamais admitamos que o hábito 
Seja o fio condutor; 
E que o avesso dos fatos
Desvirtue o nosso amor.

Pois, amar por ter dó 
É nada, amor menos ainda.
Ainda, estar para não ficar só 
É viver na berlinda.

Amor que é amor,
Não requer posse, sequer precária. 
Amor que é amor,
Faz um do outro joia rara.