Eu que queria estar entre seus braços

Era eu que deveria ter seu abraço

Eu, tão somente eu que precisava sentir teu afago, respirar em profundo teu doce aroma,

Eu que anseiava tanto ter certeza que o abraço por mim desejado, seria almejado por ti também.

Pode parecer egoísmo, pode parecer arrogância

Mas se trata, na verdade, de uma profunda análise; de uma imparcial análise

Sou eu que por dias te tenho nos meus pensamentos;

Sou eu que gasto horas do meu dia te invocando na minha imaginação

Sou eu que importuno os meus sonhos, fazendo você neles ter presença constante.

Sou eu, e nenhum outro indivíduo que te admira como um pintor admira uma bela paisagem

Você é minha bela paisagem.

Você é meu rio, minhas montanhas, meu sol, meu jardim recheado de diversas flores

Você é a constelação favorita do meu pequeno universo.

Conjunto estupendo de características que compõem a formosura que meus olhos apreciam.

Mas tanta venustidade se mantém à distância

Outro não era digno do calor da tua presença. Eu o era

Outro não era merecedor de ser o responsável por seu excelso sorriso. Também eu o era.

Mas se no jogo do amor o merecimento de uma das partes não é condição suficiente, o que me resta, então?

Regressar a minha insignificância? Talvez

Conformar-me com meu estado atual? Acredito que sim.

Mas sigo acreditando, que era para eu estar em seu abraço,

Que era eu quem deveria te acariciar

Que era de mim os carinhos a ser recebidos por ti.

Enquanto isso, sigo do meu mais profundo íntimo, te admirando, te desejando

E isso porque é o anonimato que hoje me abriga; mesmo entendendo que ele não era onde deveria estar abrigado.