Sou filho de uma criação de xilografia

Os relevos de meu desenho são os mesmos da geografia

Que compõe todas minhas células de rocha e planícies de tecidos

Sob a pele eriçada por rupturas de anjos caídos

Grandes rupturas de rochas

Entre os pelos de fogo, como tochas

 

Enquanto tu, lá do alto

Filha do mar alto

És nuvens feitas de vapor

Sente o mundo e toda sua dor

Por mais que queiras me tocar

És longe demais pra encostar

 

Porém nos picos de meu relevo extenso

Deitas tua cabeça e me cobres como um lenço

Em dias de tormenta

Depois que a água do mar esquenta

Teu lenço vira lençol

E me prende feito anzol

 

Quando a tempestade fica forte

Com o aumento do teu porte

Sinto que rasgo teu vapor

Com vulcões e calor

Raios saem com nosso atrito

Escrevendo o que já estava escrito

 

Eis que a tempestade termina

E onde era pico, virou mina

Deixando montanhas ocas

Atirando água nas rocas

 

O balanço das ondas em mim

São restos do que foste no fim

Forte cumulonimbus acinzentada

Te espero um dia, de madrugada

Tiakuru
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