Aos desesperados.
Zoroastrismo zeloso do zangado Deus
Que toda a criação corrompe em ímpetos devassos.
Manipulador de trevas infecundas, seus abraços
Trazem a ruína dos ajoelhados diante dos pés seus.
Neste vácuo sem vida, ventre pútrido e estéril
Onde apenas mais escuridão e malevolência nascem,
É tão natural ver um órgão devorando o outro, que se amassem
Para ocupar o espaço e função daquele enviado ao cemitério!
Seis vezes seis esta paixão maligna em nós se impregna!
A inveja a qual nos entorpece, a vingança pétrea;
O ódio em turbilhão ondino consolidando-se de forma vítrea
E levando a imaginação à brutalidade assassina!
E quanto nós, seres humanos em mácula veneramos
Tudo o que a arcaica entidade representa:
O conflito e as vísceras nos aprazem; a gentileza se afugenta
Nas relações infernais as quais cultivamos.
O âmbito, portanto, não é uma região, mas a terra toda.
Filhos da infâmia, crias do derradeiro declínio,
É o que somos diante do universal escrutínio
Que faz com que tudo de bom e duradouro se exploda!
Ahriman borbulha em mentes apodrecidas fincando pregos...
Lágrimas que escorrem sem causa em rostos putrefatos
E que sem mais esperanças de progresso, ignoram os fatos,
Tais quais o eu, tomado pelo negrume de olhos que ficarão cegos...
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