Ao cair do crepúsculo,
nossas roupas espalhadas pelo
chão empoeirado do quarto alugado.
Pouco tempo nos resta para saciar a
sede deste inevitável desejo.    
Beijos ardentes, promessas de amor
eterno, corações em chamas e orgasmos
inevitáveis entre o tic-tac que dita
o célere ritmo de nossa devoção clandestina.
Como é lindo este seu sorriso, mesmo quando
as rugas cultivadas pelo tempo ou quiçá pelo
possível remorso tomam conta do seu rosto
perante a mim sempre perfeito.
Um beijo quente de despedida e uma nova
promessa de o quanto antes nos vermos novamente.
Mas nesta terra as paredes têm ouvidos. E há um
clichê machista que faz valer o seu
ditado: honra se lava com sangue!
Das mãos de meu carrasco, porém nada mais
me assusta. Posso ter meus olhos arrancados,
pois o seu sorriso permanecerá para sempre em
minha memória. Mesmo que arranque a minha língua,
o gosto do seu beijo em minha boca perpetuará.
E mesmo que arranque o meu coração,
o sentimento que nutro por você pulsará em meu
peito e o milagre da vida ao seu lado
continuará a se repetir dia após dia.

Renato Alves
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