O reencontro
Eles se conheceram na juventude das idéias e visões pueris.
Naquela época, em que suas vidas se entrelaçam, os impedimentos significavam apenas uma vã timidez.
Os pensamentos eram livres e as emoções ainda mais, como a simplicidade dos afetos que nada exigem .
Nas tardes insossas de sábado, que se tornavam perfeitas, ouviam rock'n roll dos anos noventa regadas a caipirinha e a um bom carteado.
Gargalhavam das banalidades cotidianas e divertiam-se na ingenuidade dos casos e acasos.
Entre as risadas e o tempo que não dá tréguas, perderam-se.
A vida seguiu em sua imprevisibilidade e eles também, cada qual no seu caminho.
Já não se pertenciam, alheios com suas histórias e indiferentes à distância.
Graduaram-se na faculdade e também nas dificuldades da vida.
O amor, em sua terna inocência e alegria, experimentou o contorcionismo da rotina, as palavras ásperas, crises, dores e divergências da realidade crua.
Desnudaram-se das poucas ilusões que restam:a vida e os desprazeres.
Na correria dos dias, o reencontro!
O sublime no meio do nada, duas décadas após o frescor da juventude e da felicidade compartilhada. Talvez tenham se excedido no tempo da espera.
Ele e Ela.
Na noite do reencontro, em meio ao êxtase e ao insólito, beijaram-se ardentemente como jamais fora outrora.
Desejavam, além da reciprocidade dos sentimentos, a beleza oculta nos anos e a cumplicidade premeditada.
Talvez não se percam mais.
Ela, o sonho, jamais o abandonaria.
Ele, a lógica, sabe que ali jaz um porto seguro.
O aconchego de dormir um sono bom...
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