A água que toca esse chão semiárido
É composta por lágrimas tão salgadas
E insuficientes pra alimentar a terra...
O verde que se faz tão belo
É uma figura distante dessa realidade
Onde o tom cinza se faz presente...
Lutando com a criação pela sobrevivência
O último ato se resume a um sacrifício
E a carne de um companheiro
Me sustenta por mais alguns dias
E nessa toada, nessa agonia
O sertão me chama, me abraça
De tal maneira que chega a estalar os ossos
Ossos finos revestidos de uma pele
Com o mínimo de gordura
A dificuldade desnutre meus sonhos
Mas a esperança há de voltar,
Cavalgando um alazão branco
Por estradas da minha imaginação
Sustento um sorriso um tanto quanto forçado
E as marcas que deixo nesse chão batido
São de pés descalços...