Relato Sobre Um Incesto

Linda! Pena que não nasceste morta!
Deflorada és diariamente,
Aliciada constantemente
Por meu aziago desejo.
Provimos de úteros homônimos
Banhamos no mesmo sangue,
Bebemos do mesmo copo
Maldita coincidência do destino.
Filhos da mesma porra, tu e eu
Incendiamos as escrituras
Descendemos de Édipo e Electra,
Quiçá mais pervertidos.
E, no submundo dos lençóis,
Somos culpados, somos felizes
Condenados ao gáudio secreto
Ao convívio simulado.
Ai, quem me dera:
Se tu fosses fruto de um espúrio,
De uma noite de orgias,
De um prazer menos ilícito.
Uma bastarda ao menos
Meio pecado é coisa pouca.
 

 
Renato Alves

Renato Alves
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