Do escuro ósculo verte sangue negro
Mas não são dos heróis deste dia desarrazoado
São dos filhos e netos dos desventurados
Aos olhos dos demais carrascos
Esquecidos, retorcidos contos
Claros do tebroso dia
A estes o não-exisfir do existir é negado
E nunca, nunca em gabinetes
De bons ares-condicionados
Permirtir-se-á seu fantasma
Etéreo imatizar-se
Não, a simples mestiços, libertos
Alforriados não se pode fundear-se
A estes, despede-se sem descarregar
Muito menos fiel soma se pode
Eles levarem.
Mas eis que, século mais tarde
Ao voltarem, bravo povo de suas entranhas gestado
Anteontem, amanhã e à tarde
Apenas ouviram o ruído ensurdecedor de seus sussuros
O odor que sobe da fruta terra
Queimou-se-lhes no luzente peito, e então ouve-se-lhes:
"-Clama! disse uma voz
- Que clamarei!?
- dize-lhes:
Consolai, meu povo, consolai
Porque o dia da glória chegou
Agora nossa voz ouvir-se-á claramente
Ressoará qual lundu e atabaque
Na fria noite de folguedos, nossa mãe durante demasiado tempo
Mostraremos a outra história americana
o canto de ninar da sinhá escrava a seus franzinos lutadores
Que pelo Povo Baiense ousariam alevantar-se
Em nome da outora igualdade, da fraternidade, da tão sonhada liberdade!"
Reivindica, povo de pele luzente
Cuja terra é cortada pelos rios
Sua história, a autoria do clamor
Que pos em fuga o português conquistador!
A primavera que chegou
Ao sul do Equador
Só o foi pelas mãos das Virgens de Nascimento
Costuradas e guardadas com carinho
Nas Torres de marfim dos Santos de Deus!
"Animai-vos, Povo Baiense que está para chegar o tempo feliz de nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais"
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